terça-feira, 9 de dezembro de 2008

MOTIVO ALHEIO

Era o momento da criação
E a poesia estava quieta atrás
Da pena e à frente do papel
Não queria entrar em cena
Havia medo do signo do espanto.
No entanto eis que a cortina
Impiedosa ergueu-se e mostrou-me
Nua e rubra poesia rogando o silêncio
Já meio torpe, professava aos discípulos
Em pleno cenáculo que o discurso
Perdeu o curso, que os sons
Já não conseguem sentido.
Está em crise existencial
Já não sabe para que serve
Ou serviu. Almeja o silêncio,
Quer se calar mas está fadada
Ao eterno baile de palavras
Entrelaçadas nas linhas
Tristes ou engraçadas
Belas ou desgraçadas,
Como vinhas trazendo
Frutos doces ou amargos
Suas linhas que trepidam
Flutuam alheias ao poeta
Em veias desconhecidas
Circunscrevem o motivo
De seus versos terem
Existido.

Odin 29/01/07 21:15


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