segunda-feira, 27 de abril de 2009

O que o homem não pode criar

Talvez nunca venha a entender a dimensão do que representou para mim. Até por que, acredito que muitas coisas não se limitem ao campo do intelecto. Ainda hoje tento resgatar um fio do que sentia, talvez a definição mais próxima daquilo seria arte, algo como a capacidade de fazer com que os sentidos entrassem em comunhão e me levassem a algo antes para mim inimaginável. A beleza, a pureza e o amor eram tão intensos que cada piscar de olhos resultava em uma fotografia que jamais poderá ser revelada fora do meu cérebro. A visão por entre os olhos entreabertos na meia luz que delineava teu corpo se tornara uma paisagem mental que jamais poderia deixar de visitar e a melodia que os ouvidos se tornaram capazes de perceber, creio ser o som que ressonava no cosmos motivando Deus a dar forma ao universo.  O perfume não era de nada do que estava ali, mas ao mesmo tempo de tudo o que havia em um só tom. Em minha boca, não poderia distinguir o que seria gosto ou cheiro, distância ou toque. E o tato sentido que quase não me traz recordações me mostrava todo o seu poder. Por mais que tente encontar novamente algo que a isso se assemelhe, vejo que não está em minhas mãos, eu não sou capaz de fazer isso. Porque, infelizmente, o homem mesmo tendo criado tanta coisa, ainda não é capaz de gerar o amor.

Um comentário:

Bárbara Mardakis disse...

Cadu...amei esse texto!!! Muito lindo!!!